13 de set. de 2010

CAMINHO

Por entre carros, motos e
pessoas estressadas
respirando
fumaça tóxica
banhada por chuva ácida
uma pomba pousa
repousa
come farelos
indiferente a tudo
a criança que corre
o mendigo que dorme
enrolado em jornais
um homem que fuma
enquanto tosse
motores, buzinas e o
tac tac
dos sapatos das madames
uma melodia que entontece
uma velha de touca
se arrasta
pra atravessar a rua
enquanto um rapaz a acompanha
e oferece um empréstimo
vem até mim e pergunta
tem um cigarro?
não, não fumo
e ele segue rua a fora
completando um quadro
de cores, personagens e ruídos
E a pomba satisfeita
levanta vôo
se afasta, some na
imensidão azul
eu não posso
estou preso a esse mundo
tão decadente

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